Dr. Carlos Henrique Costa

Mudar pelo amor ou pela dor?

Comportamentos como fumar, beber excessivamente, fazer compras compulsivas, comer em excesso ou manter-se em relacionamentos abusivos e muitas vezes violentos são exemplos de atitudes que comprometem o bem-estar físico, emocional e social. Esses comportamentos muitas vezes precisam ser abandonados, mas, apesar das consequências negativas, são mantidos, mesmo quando há consciência da necessidade de mudança. No entanto, apenas reconhecer essa necessidade não é suficiente para transformar um hábito.

A mudança exige três passos fundamentais: a decisão de mudar, a determinação para seguir em frente e a atitude que leva à transformação pessoal.

1. Decisão de Mudar

O primeiro passo é a tomada de decisão. Isso começa quando se olha para trás e percebe o impacto negativo de um comportamento na própria vida. Depois, é preciso olhar para o futuro e visualizar um desejo de mudança, mas sempre focar no presente para transformar o comportamento.

Muitas pessoas me procuram dizendo: “Eu preciso mudar!” Porém, algumas ainda não tomaram a decisão concreta de mudar, mesmo reconhecendo a necessidade. A decisão verdadeira vem do livre-arbítrio, e muitas vezes as pessoas, inconscientemente, escolhem não mudar, dizendo que “não conseguem”. Ao afirmar isso, criam uma barreira que parece intransponível, e acabam se convencendo de que são incapazes de mudar. Mas é importante entender que não mudar também é uma escolha. Mudar não é fácil para ninguém, mas é possível para todos.

2. Determinação

A determinação é a força interior para mudar, a capacidade de superar as dificuldades, a vontade firme e a resiliência para continuar apesar dos tropeços no caminho. Ela é essencial para manter o foco e persistir, mesmo quando os desafios parecem grandes.

3. Atitude de Mudar Pelo Amor

Muitas vezes, a mudança ocorre pela dor — seja pelo sofrimento ou pelo medo das consequências de um comportamento prejudicial. No entanto, a transformação pode e deve ocorrer por amor. A atitude de mudança que realmente transforma é aquela motivada pelo amor próprio, pelo amor ao próximo e pelo amor à vida.

Lembro-me de uma paciente tabagista que, ao ouvir que parar de fumar era uma atitude de amor à vida, respondeu de forma negativa, expressando sua insatisfação e listando vários problemas que enfrentava. Percebi que ela estava em um estado depressivo e sem esperança de dias melhores. Ao conversar com ela, mostrei que, embora não pudesse mudar as atitudes dos outros, ela tinha o poder de mudar a si mesma. Com empatia, ajudei-a a ver que, mesmo não amando seus problemas, ela amava sua família e sua vida. Essa percepção foi o que a motivou a decidir mudar. Ela deixou de fumar, superou a depressão e transformou sua dor em amor.

A atitude de transformação se estende ao amor ao próximo. Quando alguém supera suas dificuldades e muda seu comportamento, há um compromisso em ajudar aqueles que ainda sofrem. Essa atitude é a essência do sentido da vida.

É por amor que dedico minha vida a ajudar as pessoas a mudar seu estilo de vida e a promover saúde.

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